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19.6.09

A propósito de coligações e outras lamechices

O PS integra, na lista que já divulgou de candidatos à Câmara Municipal, sete cidadãos independentes e nove militantes, sendo que as Listas que apresenta são maioritariamente constituídas por pessoas não filiadas.

Na sua acção nas diferentes autarquias, o PS tem colaborado sempre com outras forças, estabelecendo com elas as necessárias confluências de votação para prossecução do bem comum, sendo sua prática votar a favor de propostas de outras forças políticas, sempre que as mesmas nos parecem correctas. Aliás, tem sido essa a prática na Câmara e Assembleia Municipal, onde o PS tem votado imensas propostas do PSD, dos IpT, da CDU e do BE.

Infelizmente o mesmo não se tem verificado em relação às propostas do PS, normalmente votadas contra pelos outros partidos apenas e só, por serem apresentadas pelo PS. Muitas vezes voltam as mesmas propostas a serem apresentadas pelo PSD ou pelos IpT com roupagem diferente, sendo então aprovadas. Apesar de tudo, o PS desde o início do actual mandato, manteve sempre a mesma postura de responsabilidade.

Só a título de exemplo, para se perceber como outros agem perante o PS, está a fazer um ano que o PS apresentou uma Moção de Censura à maioria PSD. Como votou a oposição? O BE e a CDU abstiveram-se, os IpT votaram a favor e o PSD, claro, votou contra.

Que acto de maior relevância política há do que uma Moção de Censura a um "Governo", neste caso Municipal?

As esquerdas, não combatem, como sabemos a dita "direita". Historicamente sempre combateram os socialistas. As confluências, acordos e coligações são a excepção e não a regra.

Eu pessoalmente, sempre que tive responsabilidades de coordenação directa, procurei trabalhar com todos os sectores das "esquerdas". Fi-lo em 93, enquanto responsável das Relações internacionais da JS e como Director do Conselho Nacional de Juventude, onde, sob a coordenação de socialistas, trabalhava em convergência com comunistas, verdes e jovens do então PSR, para afirmação de uma política de juventude, baseada na justiça social e igualdade de oportunidade para todos.

Depois, em 2004, quando assumi responsabilidades como Presidente da Concelhia do PS, no quadro da preparação das Autárquicas de 2005, com honestidade liderei duas reuniões com o BE e a CDU, realizadas a pedido do PS, para eventual feitura de coligação geral das esquerdas em Tomar, contra o déspota Paiva. O PC nas duas reuniões não apareceu, transmitindo que não estava interessado e o BE participou tendo sido posteriormente desautorizado pela sua nacional por fazer conversações nesse sentido. Da parte do PS, obtive a respectiva autorização política para feitura de coligação ou outra forma tida ou achada por conveniente.

Mais de 4 anos de caminhos diferentes, na percepção do que é hoje a responsabilidade do Estado, num mundo em rápida transformação, não auguram qualquer hipótese de conciliação prática entre um PC mais estalinista hoje, que no tempo do "pai dos povos" José Estaline e um BE, mais sectário e arrogante que nunca o PSR dos anos 90 ou a UDP dos anos 70 haviam sido. Quanto aos independentes nem há quase comentários a fazer: representam hoje apenas a corporação dos excluídos, interesseiros e outras espécimes larvares existentes em qualquer manta terrestre.

Possível membro da comissão política interessado em fazer parte de um "caldo knorr" das esquerdas alternativas, ao PS, à CDU e ao BE? Que novidade há nisso? Como as Listas não dão para todos, há sempre alguém que se julga melhor que os outros e procura guarida noutra árvore. Alguém acha que os Homens são perfeitos? Porque haveriam as organizações de Homens de o ser?

Os Partidos e todas as outras organizações fazem-se com os que estão, não com os que não estão.

Tal como Tomar se faz com os autarcas que existem, não com os que deviam existir.
Por exemplo: quantas pessoas competentes e com respeito pelos seus pares ou subordinados e empenhamento em prol da causa pública, amizade aos cidadãos Bombeiros, gosto pela Escola Pública, respeito pelos Pais e Professores e muito especialmente pelas crianças, conhecemos em Tomar? Imensos. Porque razão nos haveriam de calhar, logo dois Vereadores, Rosário e Ivo, que não são assim?
Outro exemplo: Quantas pessoas competentes, sérias e empenhadas nas suas profissões/missões conhecemos em Tomar? Imensas. Porque sorte nos haveria de calhar um, como Vereador, que é o que todos sabemos?

Enfim! A alternativa ao que temos, na minha humilde opinião, só se pode fazer mudando claramente de paradigma (estilo).
Em primeiro lugar, na prevalência do interesse público e geral, em detrimento do interesse pessoal e mesquinho;
Em segundo lugar, no respeito pela opinião e pressão legítima das partes, mas na capacidade de decisão, tendo em conta o interesse público e geral;
Em terceiro lugar, no acompanhamento e valorização do que fazemos bem, em detrimento de valorizar o que fazemos mal.

Neste paradigma, independentemente dos partidos, o interesse de Tomar passa por nos libertarmos das burguesas amarras de um passado contemplativo, arregaçando as mangas para começarmos a fazer algo pelo nosso futuro: CHEGA DE LAMECHICE!

Quanto a coligações? O PS que continue a trabalhar numa coligação com o Concelho. E os outros que façam o mesmo. E cada um com os votos que conseguir, que assuma a sua parte da responsabilidade. Não se queira é que o PS fique refém de posições ou grupos políticos minoritários.